segunda-feira, 5 de julho de 2010

DERAM CABO DISTO TUDO

Desde que o ex-jogador do FCP Costinha assumiu as funções de Director Desportivo do Sporting Clube de Portugal, os casos sucedem-se a bom ritmo. Primeiro, o Izmailov, agora, o Moutinho, provavelmente a seguir o Veloso. A culpa não é seguramente só dele, os referidos jogadores também terão a sua quota-parte de responsabilidade, e, above all, aquele presidente que parece falar de mais e pensar de menos.
Vamos por partes. O Presidente. Aparentemente, com provas dadas na banca, com um passado de sportinguismo acima de qualquer suspeita, com uma passagem meritória pelo dirigismo no SCP, José Eduardo Bettencourt reunia, à partida, todas as condições para ser um bom presidente. Infelizmente, a realidade é outra. De futebol não percebe nada, já se viu. Três directores desportivos desde que tomou posse há cerca de um ano, contratações ruinosas sem fim à vista (outra vez, o Pongolle…), agora o caso Moutinho. Trocar um internacional A, com 23 anos, formado no SCP, capitão de equipa e putativo símbolo do clube por 11 milhões de euros + um jogador cujo único jogo que fez pelo FCP este ano foi nos 5-0 com que o Arsenal brindou os tripeiros , é, no mínimo, ridículo (alguém imagina o FCP a trocar o Raul Meirelles pelo, sei lá, Paulo Renato ou outro qualquer jogador de 5.ª categoria do plantel do SCP? Por amor de Deus!!). São estas medidas de gestão que fragilizam e subalternizam o SCP e não há cá palavras indignadas sobre o carácter deste ou daquele que o apaguem. A facilidade com que uma notícia do pasquim do Benfica cria instabilidade no SCP é assustadora. E nessa ocasião, como em tantas outras, o Presidente do Sporting, em vez de defender o clube e os seus jogadores e atacar, quem de fora, faz jogo sujo, cai na esparrela. Lamentável.
O Director Desportivo. O Costinha nunca foi propriamente um modelo de sportinguismo, mas até admito que um profissional com aquelas funções não tenha de o ser. Mas exige-se no mínimo algum bom senso. E a falta deste, que ressalta desde que exerce aquelas funções, traduzida em casos como o de Izmailov ou agora de Moutinho, prenuncia que nada de bom vai sair deste consulado. A sensação que tenho é que o Costinha tem saudades do protagonismo que a carreira de futebol lhe trouxe e que não descansa enquanto não limpar o balneário de jogadores que lhe façam sombra. De medidas acertadas ou contratações de jeito, não me recordo nem uma.
O ex-capitão. Sobre a atitude do João Moutinho nem me quero alongar. Claro que ele é profissional, claro que ele pode ir para onde quiser, mas para quem como ele que ganhava o que ganhava, exigia-se um bocadinho mais de humildade e gratidão ao clube que o formou. Depois da cena lamentável que protagonizou há dois anos, depois de ver o seu ordenado revisto (e bem), era expectável outra atitude.
Mas estava nas mãos dos dirigentes do meu clube evitarem estas cenas. É para isso que lá estão, para defender os interesses do clube que representam, não para darem cabo dele. E cheira-me que sobre estes, se continuarmos por este caminho, não poderá senão dizer-se um dia mais tarde que deram cabo disto tudo.

2010.07.04