segunda-feira, 2 de junho de 2008

RIDÍCULO, NÃO?

Eu gosto muito de bola. Gosto do Sporting e da Selecção Nacional. Fui ver o Euro 2000, na Bélgica e na Holanda, vi no estádio, incluindo a final, vários jogos do Euro 2004, fui ao Mundial da Alemanha em 2006, e parto, no sábado, para a Suiça, para ver o Euro 2008. Posto isto, há que dizer que uma coisa é gostar de bola, outra é ter de ‘gramar’ a toda a hora com a Selecção Nacional de Futebol. E é no mínimo ridículo que, enquanto à mesma hora, a Selecção Nacional de Voleibol jogava a possibilidade de se apurar para os Jogos Olímpicos e a Selecção Nacional de Rugby, na modalidade de Sevens, jogava um importante torneio na Escócia, o canal público de televisão (acompanhado pelos canais privados) fazia directos sem fim à vista sobre a viagem dos jogadores da Selecção Nacional para a Suiça. Directos dos jogadores dentro da camioneta, directos dos jogadores fora da camioneta, directos dos jogadores a entrar no avião, directos dos jogadores no interior do avião, directos dos jogadores a sair do avião, comentários sobre os sapatos e as gravatas dos jogadores, comentários sobre as mordomias várias que os jogadores vão ter durante o torneio. Findo os directos e os “motivos de reportagem” junto da Selecção, toca de levar com os comentários do bom povo, na Suiça e em Portugal, sobre as expectativas da Selecção. Mais, até o insigne Prof. Marcelo, munido do agora indispensável cachecol da Selecção, debita a sua sapiência sobre futebol. Como ele sabe de tudo, também é suposto saber de bola. Ele, e por vistos quem o contrata, acredita nisso. Adiante.

A mim, que nada sei sobre este fenómeno da comunicação de massas, parece-me claramente excessivo. São ridículas as notícias sobre a presença do filho do Roberto Leal nos treinos da Selecção, são ridículas as novelas sobre a suposta namorada do C. Ronaldo e sobre os penteados do Miguel Veloso ou as birras do Quaresma, é ridícula a presença dos empresários a negociarem contratos em plena concentração da Selecção, não se entende, de modo nenhum, como tudo isto é noticiado até à exaustão. E é aflitivo ver o bom povo em histeria para ver passar os jogadores que do alto da sua soberba (porque nessa altura já não podem ser incomodados…) nem um sorriso esboçam para os desgraçados que ficam horas à espera deles.

Sem prejuízo de achar que o Scolari foi e é o melhor Seleccionador Nacional de sempre (os resultados por ele obtidos assim o evidenciam e não há propaganda tripeira que consiga escamotear tal facto), tenho algumas dúvidas que, desta feita, a Selecção consiga os mesmos resultados alcançados durante o Euro 2004 e no Mundial de 2006. Acho que anda ali demasiada arrogância e pouca humildade. Não sei, digo eu, oxalá me engane.

2008.06.02