sexta-feira, 4 de abril de 2008

O PRAVDA DO FCP


O jornal Público é, desde a sua fundação, um bom jornal. Rigoroso, documentado, equilibrado. Dossiers bem preparados, bastante informação disponível, opiniões diversas. No entanto, de há algum tempo para cá, o jornal passou, de forma ostensiva, a tomar partido, também a nível político, o que não sendo necessariamente mau, pode não ser bom. Seria mais honesto se essa opção fosse assumida frontalmente, porque fazê-lo de forma dissimulada e com recurso a técnicas “à la Independente”, que em nada o prestigiam, mina-lhe a credibilidade. E quando o jornal se torna sede de vinganças pessoais e ressabiamentos, pior ainda.

E digo também a nível político, porque, no que diz respeito à secção de desporto, aí sim, a opção é inequívoca. O Público é o órgão oficial do Futebol Clube do Porto. Qual Pravda, o diário da SONAE não esconde as suas preferências, clubistas neste caso, e a reverência, diria mesmo temor reverencial, ao presidente do FCP. Desde sempre foi assim. Análises parcialíssimas aos jogos, comentários (porque raio tinha, semanalmente, uma coluna de opinião sobre futebol, o vocalista de um grupo de música rock, apenas e só porque era adepto do FCP???), citações e chamadas de capa, tudo serve para enaltecer os méritos do clube e da gestão do grande timoneiro, em detrimento, claro está, dos grandes de Lisboa. Mesmo que para isso, se digam meias verdades e se escamoteiem números e factos, num exercício contínuo de branqueamento sem precedentes, a que nem A Bola, reconhecido palco de benfiquistas, se atreve. No Público faz-se pior. A coberto de uma suposta neutralidade e objectividade, noticia-se o que interessa e ataca-se quem põe em causa o clube e a sua gestão, tal como aconteceu, recentemente, com a investigação, conduzida por magistrados judiciais, ao mundo do futebol. A entrevista a Pinto da Costa no dia a seguir ao despacho de pronúncia, a descredibilzação das investigações no dia a seguir ao processo movido ao FCP e ao seu presidente pela Liga Profissional de Futebol Português, ilustram bem a predilecção da secção de desporto do jornal. É caso para dizer, mais valia saírem do armário.

2008.04.04