sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

TB JÁ TENHO UM BLOGUE E IMENSAS COISAS SUPER-INTERESSANTES PARA CONTAR

Acho que esta coisa dos blogues é uma santanice pegada. Ou seja, um exercício de narcisismo desbragado. Na maioria dos casos, ninguém tem nada para contar senão falar de si próprio, o que, nem sempre é assim muito interessante. No meu caso (adoro as pessoas que invocam o seu caso, como que… por acaso, e dizem ‘eu, por exemplo…’…), tempos houve em que tinha imenso para dizer e disponibilidade para ouvir. Hoje, não, já não me apetece dizer nada, ouvir ninguém, aturar birras, caprichos, conversas parvas, gajas feias, gente maçadora. Tudo me maça. Até o Sporting, que não me dá uma porra de uma alegria desde que esmagou, de forma inapelável, o Belenenses por esclarecedores 1 – 0, na final da taça do ano passado.

A grande vantagem dos blogues é, indiscutivelmente, a ausência do exercício do contraditório. Posso dizer mal de quem me apetece, dos lampiões, dos tripeiros, dos invertidos, das pessoas que não gostam de ver ou jogar o rugby-espectáculo, dar azo ao mais completo despautério sobre tudo e todos, que ninguém me chateia com as suas opiniões parvas (porque contrárias às minhas).

Posso falar de livros, que é uma coisa que gosto de fazer, sem ter que ouvir dizer que o livro que acabei de ler e achei uma merda é fantástico ou vice-versa. E por falar em merda, acho que o livro do Pulido Valente sobre a Guerra Peninsular (vulgo, invasões napoleónicas) é uma chatice, e ainda por cima, uma chatice cara (€15 por meia dúzia de páginas é obsceno). Mais chato só o último Perez-Reverte, ‘O Pintor de Batalhas’. É maçudo, pretensioso e irritante. Bom, bom, nos últimos tempos, li poucos. ‘A Catedral do Mar’, de Ildefonso Falcones, ‘Conspiração contra a América’ do Philiph Roth, o último do Vargas Llosa, ‘Travessuras da Menina Má’, e o ‘Cego de Sevilha’, do Robert Wilson. Grande livro, este.

No fundo, os blogues são uma espécie de diários íntimos que, ao contrário destes, são tudo menos íntimos (que pérola de sabedoria, esta…). Claro que há excepções, gente que escreve coisas interessantes, para os outros e não para si, que tem ideias e que gosta de as discutir, mas, eu não, eu não tenho nada para dizer a não ser banalidades e parvoíces (quando estou bem disposto, adoro dizer parvoíces). Não sei se já disse, mas, a mim, tudo me maça.

2008.01.21